terça-feira, 14 de abril de 2009

MÚSICA CAIPIRA – SUA ORIGEM E OS PRIMEIROS DISCOS

Autor: Márcia de Sousa Crizol
Polo: São Carlos


Voltando um pouco na história na época do descobrimento do Brasil, nos deparamos com a chegada dos instrumentos portugueses, responsáveis pela criação da música rural brasileira.
Apesar dos índios gostarem muito de instrumentos de sopro, ficaram encantados com a beleza da sanfona e com o som cativante da viola portuguesa, que mais tarde se popularizaria como a viola caipira.

Curiosamente a sanfona se destacou mais na música sertaneja do nordeste e a viola na música caipira do centro-oeste, sudeste e sul do país, tendo como a maior característica, a moda de viola e o canto a duas vozes.

Vários fatores contribuíram para a formação e a riqueza da música caipira, com sua peculiar linguagem, vestuário e as tendências culturais, fazendo dela um gênero único e inconfundível, sempre retratando situações cotidianas sejam elas de alegria ou tristeza, sem jamais esquecer a beleza da natureza que cerca a vida do caipira.

Cornélio Pires foi pioneiro na divulgação deste maravilhoso e rico estilo musical, organizando uma exposição com diversas manifestações da cultura caipira no ano de 1922 no Rio de Janeiro, justamente no ano que em São Paulo acontecia a Semana de Arte Moderna. Esta realmente foi uma época de grandes novidades nas artes no Brasil.

Em 1937, Paraguassu gravou um disco com o maior sucesso de todos os tempos, o clássico da música caipira “Tristeza do Jeca” que bateu recordes de vendas na instaurando assim a era da música caipira, derrubando velhos tabus e preconceitos. Desde aquela época a imagem do caipira era associada à imagem da ignorância e à indolência, vistos como se só soubessem fazer os outros rirem e incapazes de compor músicas bem elaboradas.

Quando as primeiras músicas caipiras foram gravadas em disco, quase não havia artistas deste gênero e o caipira não tinha a oportunidade de ganhar a vida com sua arte, mesmo porque não era reconhecida como tal. Paralelamente a esta época Francisco Alves e Vicente Celestino eram os maiores intérpretes da música urbana.

Os caipiras sempre tinham outra atividade profissional paralela à de artista, geralmente ligados à lavoura e a outros serviços rurais, muito originais nas coisas diferentes que cantavam comparando com o que se ouvia na cidade, observando a pronúncia totalmente diferente do ambiente urbano, nomes, palavras e apelidos estranhos.

Foi a partir da década de 60 que as portas se abriram para a arte popular caipira e ganhou uma nova roupagem se inserindo ao mundo profissional e aos shows urbanos.

Pensando nos dias de hoje a música caipira veio ao longo das décadas sofrendo mutações, onde o chapéu de palha foi trocado pelo chapéu de feltro, e ganhou um jeito moderno de se vestir.
Evidentemente estas transformações trouxeram junto pessoas e aproveitadores com a intenção de ganhar dinheiro sem nenhum comprometimento com as raízes. Resta-nos agradecer aos artistas sérios que a todo custo continuam preservando a cultura e as suas origens, contribuindo assim para que este gênero musical continue sendo apreciado pelas gerações futuras.

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